quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Poetando

" Vendo teu sorriso, o tempo parava
E olhava com pena, por ter que andar
Por saber que no fim o levaria embora
Com passo implacável, mas cheio de pesar..."
De minha autoria, a quem gostar.

Tolkien

Da bem aventurança e da alegria da vida há pouco a ser dito enquanto duram, assim como as obras belas e maravilhosas, enquanto perduram para que os olhos a contemplem são registros de si mesmas; somente quando correm perigo ou são destruídas é que se transformam em poesia.

J. R. R. Tolkien

Perda

"... quando eu não estiver por perto
cante aquela música que a gente ria
é tudo que eu cantaria
e quando eu for embora você cantará"
"Estrelas", de Oswaldo Montenegro

Essas palavras nos trazem a idéia de perda, de algo definitivo. Mas podem também nos falar de saudade, de falta, de ausência, algo passageiro. A perda pressupõe a impossibilidade de recuperar o que distanciou, e a saudade traduz esse sentimento de perda. A ausência é a falta temporária de
algo ou alguém que gostaríamos de manter ao nosso lado por mais tempo. Pode ser uma pessoa querida, uma época agradável ou mesmo um lugar especial, algo que está longe, que nos deixou a saudade como companheira mas deixou também o consolo de ser possível a reaproximação.

Mas será que a distância pode nos separar de quem amamos? Ou nossos sentimentos não são suficientemente fortes para nos manter em contato?

Nossas afeições representam a ligação entre a nossa verdadeira natureza e o eu mais íntimo daqueles que nos rodeiam e, se esse laço for forte o
bastante, estaremos sempre próximos, ao menos em pensamento. Essas ligações afetivas definitivamente não dependem de proximidade para serem
estreitadas. Só é preciso que se queira bem ao outro, que se deseje o melhor, que se pense nele com carinho.

Se realmente quisermos estar com alguém, em pensamento e em sentimento, já estaremos lá. Na verdade, a solidão não é determinada pela ausência dos outros em nossa vida, mas pela nossa falta para os outros. Só seremos solitários quando esquecermos como é gostar, quando nos fecharmos ao
convívio, quando perdermos a esperança do reencontro. Só estaremos realmente sós quando nossos corações não souberem mais como se encontrar.

Poderemos até estar longe, fora do alcance dos sentidos físicos, mas o afeto nos aproxima.

Para o Coração, para o Amor, longe é um lugar que não existe!

Obra de Salvação

E outra vez chega o fim de ano, época em que nos damos ao trabalho de repensar nossas vidas e tomarmos resoluções que tentaremos pôr em prática nos meses seguintes.

Mas o Natal nos remete à chegada de Jesus, nascido na Palestina há mais ou menos dois mil anos. Um personagem tão marcante que toda a história da civilização ocidental está intrinsecamente ligada a ele. Para quem professa qualquer uma das muitas formas de Cristianismo, ele é mesmo o Filho de Deus e Salvador da humanidade, condição ratificada com a morte na cruz. Isso deu origem à expressão "obra da cruz", referindo-se à salvação trazida por Jesus.

Esse é um ponto do qual eu discordo completamente. Jesus deixou claro numa passagem sempre esquecida: "Eu vim para que toda a lei seja cumprida." Me parece que ele não disse que seriam algumas leis a serem cumpridas e outras burladas. "Todas as leis" certamente inclui as leis da natureza também, onde morrer é consequência de nascer, e nascer se dá através da união de um homem e uma mulher.

Acho que a salvação de cada um se dá pela forma como se vive, afinal "a cada um segundo suas obras". Isso nos leva a outra consideração importante: se a salvação vai depender do que fizermos, ter um modelo de vida a ser seguido certamente será da máxima importância. E é aqui que está o ponto fundamental de minha crença: a grande obra da salvação não se deu na cruz, mas na manjedoura. Foi ali que um anjo chegou até nós, vindo de alturas inimagináveis, para nos mostrar um caminho e uma forma de caminhar.

Com o passar dos séculos, a interpretação dos escritos deixados pelos seguidores de Jesus acabou por cristalizar a crença na cruz como o ponto focal da salvação, tirando dos humanos a necessidade de se esforçar por merecer, a não ser por algumas atitudes superficiais. Mas eu continuo achando que a salvação chega por seguir os ensinamentos deixados por Jesus, ensinamentos trazidos através do maior dos sacrifícios: deixar as alturas onde está até hoje e descer até o pântano onde nos afundamos dia após dia, e se tornar um de nós.

Nesse tempo de Natal, do nascimento de Jesus, vamos lembrar que esse dia representa o sacrifício maior que o Amor poderia nos oferecer. A grande "Obra de Salvação, a Obra da Manjedoura."

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Se fosse...

Se o amor fosse um rio

E eu fosse um homem se afogando

Você entraria na água?

Você me estenderia a mão?

Se o amor fosse um rio

Você se sentaria na margem?


Se o amor fosse uma montanha

Bem acima dessa cidade

Você subiria até o topo?

Você olharia para baixo?

Se o amor fosse uma montanha

Você iria dar a volta?


Se o amor fosse um vagalume

Pousado em sua mão

Você riria quando ele acendesse?

Deixaria que ele se fosse?

Se o amor fosse um vagalume

Você entenderia?


Se o amor fosse uma festa

Com todo mundo que você conhece

Você dançaria se eu convidasse?

Você riria e diria não?

Se o amor fosse uma festa

Você iria?


Se o amor fosse um trem bala

Numa viagem só de ida

Você compraria uma passagem?

Você nunca olharia para trás?

Se o amor fosse um trem bala

Você faria as malas?


Adaptação livre da letra da música "if love was a river", de Alan Jackson

Pai Nosso

Pai nosso... que nos criou, arrancando-nos como uma centelha eterna de Seu coração de ouro...

Que estás no céu... que estás no céus limitados de cada dor e cada enfermidade... que estás no céus sem distância do amor...

Santificado seja o Teu nome... santificado e repetido com orgulho, com a satisfação de filhos do poderoso...

Venha a nós o Teu reino... que chegue aos homens a sombra da Tua sabedoria... que venham a nós as verdades do Teu reino...

Faça-se a Tua vontade na terra e nos céus... e que o homem saiba compreender isso... e que todos saibam que nada muda ou morre sem o Teu conhecimento... e que não percamos o sentido do Teu mandamento: "amai-vos"... faça-se a Tua vontade, ainda que não compreendamos...

O pão nosso de cada dia nos dai hoje... dá-nos o pão da alegria dos pequenos momentos... dá-nos o pão das promessas... dá-nos o pão da paciência e do repouso... dá-nos o pão da coragem e da justiça... e o fogo e o sal da companhia... e também o pranto que limpa... dá-nos, Pai, o rosto sem rosto da tua imagem...

E perdoa nossas dívidas... desculpa nossos erros como o pai esquece as faltas do filho... perdoa as trevas do nosso egoísmo... perdoa as feridas abertas... perdoa os silêncios e o clamor das calúnias... perdoa nossa pesada carga de desconfiança... perdoa esse mundo que, à força de solidão, está ficando só... perdoa nosso passado e nosso futuro...

E não nos deixai cair nas tentações... nas tentações da matéria, na miséria dos apegos indevidos e na estreiteza de espírito...

E livra-nos, Pai, do mal... dos males da falta de fé e confiança no Teu imenso amor...

E que assim seja!


Adaptado do livro "Operação Cavalo de Tróia" volume 4, de J. J. Benitez

Sagrado

Às vezes somos agradavelmente surpreendidos por algumas coisas. Hoje quero citar uma delas: o programa "Sagrado", exibido pela Rede Globo de segunda à sexta às 06:05 da manhã. Nesse programinha de dois ou três minutos por dia, propõe-se um tema semanal, e abre-se espaço para representantes das mais variadas religiões colocarem seu ponto de vista a respeito do assunto. Uma ótima oportunidade para que todos se manifestem.

É curioso perceber-se que os mais variados pontos de vista mostram-se tão pouco diferenciados. À exceção de alguns assuntos puramente doutrinários, as opiniões tendem a convergir de maneira que poderia até se considerar surpreendente. Mais uma amostra de que as diferenças estão nos olhos e ouvidos de quem vê e ouve.